Com o tema “Diversidade sexual, gênero e raça: diálogos Brasil-África”, o IX Congresso Internacional da Associação Brasileira de estudos da Homocultura (CINABEH) será realizado nos dias 28 a 30 deste mês, no centro de convivência do Campus do Pici da Universidade Federal do Ceará e no Centro Cultural Dragão do Mar. Nesta edição, o evento reúne a participação de pesquisadores brasileiros e internacionais com trabalhos acadêmicos-científicos e experiências variadas que debatem a sexualidade e o gênero, juntamente às questões raciais, de acordo com a realidade de cada país.

A escolha por abordar os temas de gênero e sexualidade na perspectiva das questões raciais veio pelo vínculo docente da presidente da Associação, Luma Nogueira, com a Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab). A edição pretende abordar, por meio de relatos e produções acadêmicas, as diferenças desse tema nas vivências de pessoas negras, que acabam sendo duplamente descriminalizadas na sociedade.

“Minha convivência é muito próxima com os africanos, e eu comecei a perceber nas aulas a dificuldade que eles têm de compreender a diversidade sexual, não que lá não exista, mas lá existe de outra forma, devido à forte repressão. Tendo em vista essa dificuldade, quisemos trazer esses convidados estrangeiros para compartilhar as vivências, além de registrar historicamente o estudo por meio de todo o conteúdo publicado”, explica Luma.

Com três dias repletos de discussões sobre diversidade nos mais variados âmbitos sociais, como escola, religiosidade, saúde, academia e políticas públicas, a expectativa da presidente é conseguir promover a resistência não só do grupo LGBT, mas também da comunidade negra e das mulheres de forma geral, levando para dentro do meio acadêmico a consciência acerca dessas realidade.

Programação

UFC Campus do Pici

Na quarta-feira, 28, a programação conta com duas mesas redondas sobre a abordagem do tema nas escolas, às 10h, e o protagonismo LGBTI em países africanos, às 13h30. Teoria queer e raça e o tratamento das questões principais do evento na religiosidade são os temas discutidos dia 29, quinta-feira, em duas mesas redondas, respectivamente às 10h e às 15h. O segundo dia ainda conta com uma roda de conversa sobre saúde integral LGBT, com foco na ampliação do acesso e cuidado integral para esse grupo, às 13h. Sexta-feira, 30, apresenta, a partir das 10h30, uma mesa redonda de tema “A ficção racial, o fim do mundo, suas ruínas e vocês terão que dar conta disso!”, e outra, às 14h30, sobre as políticas públicas que abarcam as questões discutidas no CINABEH.

Centro Cultural Dragão do Mar

No dia 28, a conferência de abertura sobre a construção de solidariedades queer em tempos de incerteza está programada para às 19h30. A convidada é a acadêmica queniana Awino Okech, estudiosa das áreas relacionadas a gênero, sexualidade, nação e Estado. Já a de encerramento, dia 30, fica por conta da conferência com o convidado Ola Osifo Osaze, homem transgênero que cresceu na Nigéria e foi durante muitos anos líder comunitário. Das 19h30 às 20h30, Ola discorre sobre migração negra, queerness e criminalização. A programação noturna dos três dias fica por conta da Noite Preta Cuirtural, apresentações e atividades culturais, contando, inclusive, com apresentação do grupo As Travestidas no dia 29, às 21h30.

Congresso Internacional da Associação Brasileira de estudos da Homocultura (CINABEH)

O Congresso teve início em 2001, em Niterói, Rio de Janeiro, quando um grupo de pesquisadores se reuniu para tratar sobre a diversidade de gênero e sexo, já que os temas não tinham espaço no Brasil na época. De acordo com a atual presidente da Associação, Luma Nogueira, o nome homocultura não abarca a diversidade conhecida hoje em dia, mas é mantido pelo valor de luta histórica. O evento ocorre a cada dois anos, de acordo com o local de residência e universidade ligados à presidência vigente da Associação.