André Tanesi*
CEO da Descola
Especial para O POVO
Neste mundo cada vez mais veloz e de tantas mudanças, em que transformações afetam os mais diversos aspectos da vida cotidiana, por que a Educação ainda é vista por muita gente como algo fora de sintonia com os tempos atuais? Ouvimos com frequência que “a escola é a mesma faz 200 anos”. Será mesmo que não conseguimos mudar um dos maiores e mais importantes pilares da sociedade?
Acho que estamos justamente em um momento de transição. No meio de um processo de desconstrução e reconstrução. Os pilares da educação tradicional, estabelecidos durante a Revolução Industrial, são cada vez mais questionados. E há quatro pontos fundamentais que têm provocado esse questionamento e que podem tornar obsoleto esse modelo utilizado por tanto tempo.
O primeiro é o local de aprendizado. Antes, o aluno precisava estar em um ambiente determinado, de corpo presente. Hoje, com os cursos online, é possível aprender em qualquer lugar: em casa, no transporte público, no escritório, no parque etc. A sala de aula, portanto, deixou de ser imprescindível no processo educacional.
O segundo diz respeito ao tempo. O modelo antigo exigia um momento específico para aprender, de acordo com a faixa etária do aluno e com o planejamento da instituição de ensino escolhida, gostássemos do conteúdo ou não. Atualmente, cabe ao estudante decidir o que vai aprender, considerando suas preferências e necessidades.
O sistema de avaliação por meio de provas e notas também tem sido revisto, já que representa uma maneira muito simplista de mensurar os conhecimentos e, principalmente, as potencialidades de alguém. O erro é parte essencial do processo de aprendizagem e deve ser encarado como meio de atingir um objetivo, não como sentença de fracasso.
É importante constatar, ainda, a evolução do papel do professor, de quem não se espera mais a missão solitária de ensinar. Com tantos recursos à disposição, seu perfil está mais próximo ao de um mentor, guiando e estimulando o aluno, este sim o maior responsável pela aquisição de conhecimento.
E é olhando para essa nova forma de ensino conseguimos ver uma série de iniciativas que estão mudando a educação. Sites de cursos online, pessoas buscando informações no Google ou vendo vídeos no Youtube. Essas e muitas outras iniciativas estão, cada uma a seu modo, promovendo uma nova forma de ensinar e aprender.
Diante disso, um questionamento muito comum é: qual dessas formas é melhor? A resposta é que não tem um modelo definitivo. Cada uma vai ajudar uma pessoa diferente, para um desafio diferente em um processo diferente. E essa é a beleza dos novos modelos de educação. É a quebra definitiva com o modelo antigo, igual para todo mundo, com severo controle e nenhuma personalização.
Tudo isso já está em pleno andamento no Brasil, por meio de uma série de iniciativas que visam trazer o ensino, definitivamente, para o século XXI. Dando ao aluno mais autonomia, implementando novas formas de pensar e tirando proveito das possibilidades abertas pela internet. A Educação está, sim, acompanhando as mudanças do mundo. E é só o começo.
*André Tanesi é CEO e cofundador da Descola. Formado em comunicação pela ESPM – SP e Mestrado em gestão comercial e marketing pela ESIC Business School – Madrid, atuou na área de marketing de empresas de varejo e criou – junto com os outros sócios da Descola – uma agência de marketing digital em 2011. Atualmente, é responsável também pela criação dos conteúdos de cursos online e pela curadoria de temas.