DESAFIOS

Metodologias, desafios e os mitos da inovação nas organizações

Conhecer ferramentas e metodologias também é muito importante para o sucesso ou fracasso destas jornadas

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Leo Monte *
Co-fundador da GR1D
Especial para O POVO

Na última década a pergunta que mais respondi foi: O que é inovação? Sempre digo que é um produto, processo ou serviço que tem um diferencial em relação a tudo o que está disponível no mercado. Inovar é uma opção para enfrentar os desafios da competitividade. Sabemos que não é fácil, muitas empresas estão tentando inovar, investindo dinheiro e correndo riscos, mas conhecer os obstáculos e decidir enfrentá-los é uma questão cultural em muitas organizações. Conhecer ferramentas e metodologias também é muito importante para o sucesso ou fracasso destas jornadas.

O que precisa ficar claro é que inovação nem sempre está atrelado a uma mudança radical, mas sim ser algo que incremente um novo conhecimento. Em 2011, quando a Netflix tentou mudar de forma rápida dos DVDs para streaming de vídeo, a empresa perdeu cerca de 800 mil clientes, além de uma queda em sua capitalização de 75%. Isso que eu chamo de reconsiderar de fato, a Netflix deu alguns passos para trás para dar alguns muitos hoje para frente.

O desafio de inovar é muito grande, principalmente no Brasil, onde 8 em cada 10 consumidores acreditam que as companhias são as principais encarregadas de encontrar a grande novidade, segundo dados do levantamento The Earned Brand.

Normalmente as inovações sempre começam com um insight sobre uma possível necessidade, solução ou modelo de negócios. Estes são os lampejos de inspiração, as pistas de que há um problema. Uma vez que você tenha uma ideia, a maioria dos inovadores comete o erro de ir direto para as soluções sem primeiro entender o problema real, o trabalho a ser feito. Precisa ficar claro que depois de saber qual problema está resolvendo, é necessário encontrar o caminho mais rápido para a solução.

Os três principais desafios sobre inovação
1. Amadurecimento empresarial
A falta de confiança em todo o ciclo de inovação certamente prejudica os resultados. O pior é que muitas empresas acreditam que a inovação é para poucos e, geralmente, para empresas da área de tecnologia e bilionárias, como Google, Apple e Microsoft. Mas a inovação é para todos. Independente do seu ramo ou do porte da sua empresa, sempre temos espaço para inovar. Mesmo que você não consiga uma tecnologia disruptiva, sempre há um detalhe na rotina que pode ser modificado – e que impacta diretamente nos resultados.

2. Importância dos Recursos Humanos
Depender de pessoas em um processo de inovação é totalmente válido, mas ela não pode ser uma grande barreira neste quesito. Não podemos esperar a pessoa certa, com perfil inovador, para começar. Estimule os funcionários a pensarem de forma inovadora. Dê as condições necessárias para que se desenvolvam e, quando chegar a hora, utilize os recursos humanos em uma área específica que busque a inovação de forma rotineira.

3. Medo de arriscar “segura” o processo
Toda mudança é um risco, isso é fato, mas independentemente do nível da mudança, sempre haverá uma incerteza sobre o futuro e seus resultados. Ainda trabalhamos com a mentalidade de buscar sempre um cenário estável, onde mexer pouco é melhor do que tentar alguma evolução. E é justamente isso que condena diversas empresas em tempos de crise: se você não corre riscos, ganhará pouco e, em tempos difíceis, ganhar pouco não será suficiente.

Os cinco mitos da inovação
1. Para inovar é necessário fazer um grande investimento
Um dos maiores mitos em torno do processo de inovação está relacionado aos seus custos. Nem sempre, para inovar, precisa-se de grandes investimentos financeiros. Ao contrário do que muitos pensam, a inovação está ao alcance de qualquer empreendimento e pode se adequar à disponibilidade orçamentária de cada um.

2. Para inovar é necessário fazer uma mudança drástica
Associar a inovação a uma mudança radical na empresa é outro mito que precisa ser esclarecido. Na verdade, a inovação se inicia com pequenas mudanças, gerando um grande impacto final. Obviamente, em alguns casos, a necessidade de mudanças profundas pode surgir e ser a melhor estratégia para adequar o negócio à sua nova realidade. Mas, de modo geral, há uma valorização considerável daquelas mudanças sutis e direcionadas a solucionar problemas específicos.

3. Inovação é lançar novos produtos
Muitos executivos acreditam que inovar é colocar um novo produto à disposição do consumidor. O que precisa ficar claro é que inovar é muito mais do que lançar novos produtos. Inovar equivale a toda mudança de pensamento e comportamento empresarial, está relacionada a encontrar e aplicar ideias que tragam novidades e que possam gerar um impacto significativo nos resultados corporativos, não envolvendo necessariamente um novo produto.

4. A inovação sempre vem de fora
Existe a falsa impressão de que as formas de aplicar inovação devem ser trazidas de um ambiente externo à empresa, como se alguém de fora tivesse a fórmula ideal para a inovação do negócio. As observações dos fatores externos são importantes, mas na maioria dos casos os principais exemplos surgem dentro da empresa porque são pessoas que estão diretamente envolvidas no dia a dia corporativo.

5. A inovação está diretamente ligada ao cliente
Na maioria das vezes, o cliente não sabe ao certo do que precisa até que a empresa formule um produto ou serviço e o coloque à sua disposição. Portanto, é preciso mapear e antecipar inovações. E foi assim que o Steve Jobs fundou a Apple, uma das empresas mais inovadoras do mundo, e revolucionou as exigências de seu consumidor, entregando um produto inovador, moderno e atrativo.

Como diferenciar conceitos, metodologias e ferramentas?
Esta é a parte mais complicada para uma empresa que deseja trilhar uma jornada de inovação, existem grandes diferenças entre: Conceitos, Metodologias e Ferramentas e a dúvida genuína é sempre: Qual a melhor para utilizar? Antes de responder, é importante entender as diferenças com alguns exemplos para os pontos acima.

Conceitos
Exemplo: Human Centered Design – Conceito que tudo que é produzido é pensado nas pessoas.

Metodologias
Exemplo: Design Thinking – É o conjunto de métodos e processos para abordar problemas, relacionados a futuras aquisições de informações, análise de conhecimento e propostas de soluções.

Ferramentas
Exemplo: Canvas de Modelo de Negócio – Ferramenta usada para deixar as coisas mais visuais durante a definição de um novo negócio.

*Importante: sem o conceito bem definido e maduro o resultado do uso de metodologias ou ferramentas pode não funcionar corretamente ou ficar muito limitado. Sempre iremos encontrar milhares de Conceitos, Metodologias e Ferramentas e isso torna sempre o processo de escolha complexo.

Você está preparado para enfrentar os desafios? Inovação deixou de ser uma opção e tornou-se uma necessidade. Os empreendimentos de hoje devem acompanhar e, sempre que possível, antever as mudanças do mercado em busca soluções e posições vantajosas. Com essas dicas conseguirá enfrentar de maneira adequada as principais adversidades e implementar mudanças positivas na sua empresa.

(*) Leo Monte, co-fundador da GR1D, autor da metodologia de inovação ShakeUP, especialista em Modelos de Negócio de Plataforma, Transformação Digital e Inovação

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