A pandemia acelerou o processo de digitalização de muitas organizações, e o trabalho remoto, antes impensável por alguns gestores, passou a ser aceito e até adotado como permanente por diversas Instituições. Passadas as semanas iniciais, de muita adaptação e insegurança, já é possível perceber que este é um movimento que veio para ficar, demandando que as organizações passem a revistar seu modelo operacional.
Segundo estudo conduzido pela EY com mais de 350 executivos, foi identificado que suas organizações devem manter cerca de 30% a 70% dos seus colaboradores em trabalho remoto, considerando as características e necessidades do negócio. Neste contexto, como definir com assertividade quem deve voltar para o local de trabalho e quem pode permanecer executando seu trabalho de forma remota?
Além do nível de prontidão individual de cada profissional, desde seu sentimento de segurança em relação ao retorno a se tem com quem deixar seus filhos, por exemplo, a avaliação deve ser conduzida no nível de atividades, considerando seus impactos no negócio:
• Elegibilidade: A atividade pode ser executada sem o uso de estruturas ou tecnologias que estão disponíveis somente na sede da empresa? (Ex: equipamentos instalados e sistemas fechados)
• Criticidade: A execução da atividade não expõe o bom funcionamento do negócio? (Ex: Segurança Cibernética, Lei de Proteção de dados)
• Produtividade: Esta atividade apresenta produtividade ampliada quando a execução é realizada de forma remota? (Ex: entregas que demandam alta concentração e pouca interação com outros atores)
• Compatibilidade: A forma de trabalho e as metas atreladas de produtividade podem ser adaptadas para o novo contexto?
Se a resposta para a maioria destas reflexões foi sim, os colaboradores que as executam têm grande probabilidade de ter sucesso no modelo de trabalho remoto, seja ele permanente ou híbrido – quando o colaborador altera seu trabalho entre a sede da empresa e trabalho remoto.
Esta clareza sobre os impactos do trabalho remoto no negócio ajuda a organização a planejar seus próximos passos rumo ao modelo operacional mais adequado para a sua realidade, considerando a estruturação e composição dos times, melhor uso do seu espaço físico e estratégias de atração e retenção de talentos.
Uma vez implementado o trabalho remoto, outros desafios devem ser endereçados, tais como manter o nível de engajamento dos colaboradores e sustentar a cultura organizacional no contexto digital, agora como uma visão de estratégia permanente.
Neste contexto, a escuta ativa dos colaboradores, por meio de pesquisas online e checagens frequentes, e o papel ativo do gestor no acompanhamento dos seus times, são alternativas de sucesso observadas pelas nossas equipes. Infelizmente não existe uma receita que valha para qualquer organização. O importante é que seja genuinamente benéfica para os colaboradores e para a empresa, trazendo resultados positivos para todos!
Sabrina Frizzo, gerente sênior de
consultoria em gestão de pessoas da EY
Especial para O POVO