Todos que lideram empresas e equipes devem estar sentindo como nunca foi tão necessário ter coragem para liderar. Um momento como este de enfrentamento ao novo coronavírus fragiliza os negócios, a economia e, principalmente, as pessoas. Aquelas mesmas que fazem os negócios e a economia girar.

Em momentos de instabilidade, é no olhar para elas que vamos nos fortalecer. Não é hora de egos e hierarquias. É hora de se aproximar e ouvir. O cenário mudou de forma tão drástica que cada um foi atingido de uma forma. Todos perderam suas certezas, e ignorar que os medos existem não é a melhor forma de reagir à crise. É preciso ter empatia e paciência para ressignificar emoções neste momento delicado.

Nomear as dores dos clientes, funcionários e franqueados é o primeiro passo para seguir em frente. Endereçar as angústias e então passar para o pensar nas soluções. De alguma forma, os planos do início do ano jazem no coração e nos orçamentos que ficaram obsoletos em tão pouco tempo.

Coragem para liderar. Coragem de parar e ouvir. Coragem para tomar decisões difíceis. Empresas com foco expansionista podem sentir mais impacto, pois a aversão ao risco vai ser forte. Quem persistir em empreender neste momento pode conseguir algumas concessões, mas não sabe exatamente o que vai encontrar lá na frente.

Algumas associações já começaram a endereçar temas importantes junto ao poder público – pressão para alívio da carga tributária, desoneração da folha de pagamentos, redução de juros para dizer algumas das demandas. O próprio poder público já começou a tomar suas medidas. Independentemente de ideologias, o foco é sobrevivermos.

E os franqueadores? Coragem para liderar seus franqueados que serão impactados de forma importante pela falta de circulação dos consumidores nos grandes centros e pelo fechamento compulsório de suas lojas. Negociação de prazos de pagamentos com fornecedores, com a própria franqueadora quando fornecedora principal da rede e, por que não, isenção dos royalties? Foco em manter a saúde dos negócios e dos empresários que apostaram em suas marcas. Coragem para liderar.

Coragem para focar na essência e fazer valer algo que temos repetidamente falado no mundo dos negócios: olhar para dentro. Quando a liderança estiver solitária demais, é hora de revisitar os porquês. Por que criou o negócio e por que insiste nele mesmo num País como o nosso, tão desafiador? Revisitar os valores centrais da marca ajuda muito na comunicação e na tomada de decisões com mais segurança. É no nosso propósito e valores que vamos encontrar as respostas. Coragem, e vamos liderar.

Claudia Bittencourt é sócia fundadora e diretora geral do Grupo Bittencourt
Especial para O POVO