Durante os últimos anos, muito se falou a respeito de inovação, em especial da Indústria 4.0 e o potencial que a alta tecnologia pode trazer para a operação de companhias em diferentes segmentos. O processo que envolve a integração da mão de obra com sistemas capazes de levar informações valiosas ao conhecimento de executivos traz como resultado o aperfeiçoamento da produção em termos de escala e custos, chamando a atenção de diferentes setores.
Apesar da crescente popularidade global, trazer esse conceito para o Brasil na prática ainda é um desafio. Isso porque, apesar do amplo potencial que o País apresenta, investir em inovação não é algo necessariamente prioritário para muitas companhias no setor industrial, exemplo disso é que segundo o Federação Internacional de Robótica (IFR), o Brasil possui 14 robôs a cada dez mil trabalhadores, enquanto a média global é de 99 equipamentos nessa proporção. Além disso, o País ocupou o 64º lugar no ranking mundial de inovação, divulgado em julho de 2019 pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Diferentes fatores interferem nesse resultado, mas é possível organizá-los dentro de dois obstáculos essenciais: falta de recursos financeiros e de capacitação técnica adequada.
Esses dois tópicos seriam capazes de trazer resultados significativos para o País, já que a indústria de países desenvolvidos, como Estados Unidos, Alemanha, Inglaterra, Japão, China e Coreia do Sul, vem adotando estratégias com ênfase em conhecimento de ciência, tecnologia e inovação há muito tempo e hoje colhem resultados significativos.
Para trazer essa realidade ao Brasil, é essencial que empresários locais fortaleçam as perspectivas de longo prazo para as companhias. É desafiador, considerando o cenário atual da economia, porém as companhias que souberem como superar essas adversidades, usando a tecnologia a seu favor, serão capazes de sobreviverem e terem sucesso no futuro.
Ao mesmo tempo, é necessário pensar em conhecimento. Por vezes, a falta de informações adequadas cria um paradigma de que investir em tecnologia para ter alto valor agregado custa caro – e, portanto, não cabe nesse momento. Isso não é verdade, já que cálculos de viabilidade ou análises de investimento versus custo de produção podem trazer soluções simples e que geram benefícios significativos para companhias de todos os portes, tornando o processo de produção mais eficiente.
O caminho para assimilar isso está começando a ser trilhado no País: hoje ocupamos uma posição razoável no ranking da IFR em relação à América Latina: o México é o líder em capacidade instalada na região, com mais de 5,7 mil robôs colocados em prática em 2018, enquanto o Brasil instalou 1,5 mil unidades no mesmo período.
Estar preparado para esse novo cenário demanda investimentos e, para isso, é necessário que líderes tenham cada vez mais consciência a respeito do papel crucial que desempenham no cenário atual. Investir para otimizar é o primeiro passo rumo a um futuro mais produtivo e eficaz.
André Takeo Chimura
Gerente de Vendas Sênior da Mitsubishi Electric
Especial para O POVO